quinta-feira, 21 de abril de 2011

Entrevista com o ladrão

Entrevista com o ladrão
(*) FLÁVIO SARAIVA
Circula na rede mundial de computadores uma entrevista realizada com um ladrão de veículos no Brasil, onde o especialista relata alguns mitos de sua atividade marginal; fala das facilidades ofertadas pelos motoristas clientes, preços dos carros roubados no mercado bandido, rotas de fuga, soluções de segurança dos fabricantes, uma verdadeira consultoria sobre o ramo.

Dizendo-se vocacionado e orgulhoso do que faz, o ladrão aborda temas que nos deixam a impressão de que o crime compensa, até porque o maior risco é o de ser preso e na cadeia não passa muito tempo. 

Nesse ponto, o ladrão foi pessimista, afirmando que se for pego pela polícia passará cerca de dois anos preso, uma eternidade quando confrontado com a realidade. A entrevista está disponível no Google e registra 
mais de 1 milhão e 400 mil resultados. 

Conversando com um ladrão de veículos em interrogatório na Central de Polícia aqui em Maceió, preso em flagrante com vários equipamentos roubados de veículos, não pude constatar o glamour estampado na entrevista da rede, mas a triste realidade de quem entra no crime e não consegue sair de jeito nenhum. 
O ladrão, com mais de seis passagens pela polícia, disse ter começado sua carreira profissional do outro lado – vigilante de empresa de segurança patrimonial, mas que no lado do bem, recebera tentadora proposta do crime e aceitou. 

Após alguns treinamentos feitos, tornou-se especialista no arrombamento de veículos, atividade bandida que rendia mais que o salário de vigilante. Optou por ela.

A cada prisão surgem alguns momentos de reflexão sobre a continuidade no crime, mas como o tempo de confinamento é curto, o criminoso volta às ruas e após algumas negativas de emprego, um carro estacionado com bom equipamento de som no painel, pasta de notebook no banco traseiro e uma bolsa com volume que indica carregar parte da vida do proprietário, logo convenientemente sugere qual o caminho a seguir – o do crime. 

Com 42 anos de idade o ladrão criticou bastante seu companheiro de crime também preso, que conseguira emprego e “fichar” a carteira de 
trabalho, mas não resistira às oportunidades do mundo bandido. 

Os dois permanecerão no ciclo vicioso da vida marginal difícil de interromper – crime, prisão, pouco tempo na cadeia,crime, prisão... 

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