sexta-feira, 3 de junho de 2011

O 'bicho pegou' na Polícia Civil


O 'bicho pegou' na Polícia Civil

Um delegado e quatro inspetores da Polícia Civil, além de um agente penitenciário e um advogado, foram presos na manhã de ontem, durante operação realizada pela Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio (Coinpol), e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. Batizada de ‘Alçapão’, a operação foi desencadeada após seis meses de investigação, com objetivo de combater a suposta ligação de policiais civis de Niterói, São Gonçalo, da capital e Baixada Fluminense com a cúpula da contravenção. De acordo com as investigações, os policiais recebiam propinas mensais de contraventores. A denúncia foi recebida pela 3ª Vara Criminal de São Gonçalo.

Presos - Entre os presos, estão o ex-delegado da 76ª DP (Niterói), Henrique Faro dos Reis, atualmente à frente da 104ª DP (São José do Rio Preto), os inspetores Alexandre da Silva Gonçalves, Márcio Coutinho Braga, Carlos Alberto Donato, e Ronaldo Antunes Blanco, que no início da investigação estavam à frente da 81ª DP (Itaipu). Foram cumpridos também mandados de prisão em nome do agente penitenciário José Carlos Pate dos Santos, do advogado Álvaro Monteiro Rolla e do informante Willian Barros Pereira.

Estão foragidos os policiais Jerônimo Pereira Magalhães e Jorge Gomes Barreira, ex-chefe do setor de investigações da 76ª DP que estava atuando na 70ª DP ( Tanguá). Foram cumpridos também mandados de busca e apreensão na casa de dois agentes licenciados.

Foram denunciados pelo Gaeco, sem pedido de prisão preventiva, dois policiais civis; um diretor do Estaleiro Mauá e um gerente do Supermercado Guanabara/Niterói. Entre os crimes pelos quais os 15 réus foram denunciados, estão formação de quadrilha armada, prevaricação e corrupção.

Investigações - O corregedor Gilson Emiliano Soares, responsável pela ação, disse que as a investigações começaram há seis meses, motivada por imagens feitas pela Polícia Federal, que mostravam pontos do jogo do bicho em atividade perto de delegacias e prédios públicos. Os 10 mandados de prisão e 29 de buscas e apreensão começaram a ser cumpridos por volta de 6h. Foram apreendidos computadores, documentos, laptops, armas, munição, jóias duas motos, uma BMW e uma Suzuki.

Árvore - Durante ação na casa de um dos acusados, em Tanguá, os policiais da corregedoria encontraram R$ 210 mil dentro de uma bolsa, pendurada num galho de árvore. Ontem, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, defendeu a corporação, mas pediu rigor na apuração das irregularidades.
Balcão de negócios

A denúncia do Gaeco, com base em inquérito da Coinpol, descreve detalhadamente o modo de agir dos acusados. Paralelamente às investigações, os policiais tiveram os telefones 'grampeados' em interceptações autorizadas pela Justiça. De acordo com denúncia, os inspetores - lotados na 76ª DP (Niterói), na 72ª DP (São Gonçalo) e na 81ª DP (Itaipu) à época dos fatos - montaram um verdadeiro ‘balcão de negócios’ nestas delegacias.

O grupo é acusado de cobrar quantias de contraventores para não reprimir o jogo do bicho e a exploração de máquinas caça-níqueis nos municípios de São Gonçalo e Niterói. Além do ‘corpo mole’ com os contraventores, os acusados ‘vazavam’ informações sobre operações contra os jogos ilegais antes delas serem realizadas.

Máquinas - Um dos agentes foi reconhecido como proprietário de máquinas caça-níqueis, que funcionavam na Rua 18 do Forte, em São Gonçalo, endereço da 72ª DP (Mutuá), onde ele havia trabalhado como chefe do Setor de Investigações (SI). De acordo com a denúncia, ele também foi segurança do ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) Aílton Guimarães Jorge, o 'Capitão Guimarães', que será intimado a depor, como testemunha arrolada pelo Ministério Público.
Propina de empresas

Um dos policiais foi denunciado por corrupção passiva. Ele foi flagrado, em escutas telefônicas, pedindo a um dos envolvidos, três camisas para o Setor 11 do Sambódromo, no Desfile das Campeãs.

Este, por sua vez, transmitiu o pedido a um representante do Supermercado Guanabara, prometendo tratamento tratamento privilegiado em todas ocorrências envolvendo o estabelecimento. A recusa do supermercado em atender o pedido provocou a ira do ‘grupo’, que determinou ‘mordomia zero’ para casos envolvendo a empresa.

Mercadorias - Em outra situação, porém, o gerente do Supermercado Guanabara em Niterói negociou pagamentos ao delegado Henrique Faro, e outros dois policiais, para que a 76ª DP acelerasse inquéritos que tratassem de crimes patrimoniais praticados por funcionários contra a empresa. A ‘propina’ era paga na forma de mercadorias, retiradas gratuitamente em duas filiais.

Estaleiro Mauá - Outro fato descrito na denúncia envolve uma inspetora da Polícia Civil, o gerente de segurança patrimonial do Estaleiro Mauá, e o agente penitenciário José Carlos Pate dos Santos, que faz segurança no estabelecimento. Segundo as investigações, o gerente do estaleiro e os policiais intermediaram o pagamento de propina para que os agentes da 76ª DP dessem tratamento privilegiado à investigação de um inquérito envolvendo a empresa.

Denúncias - Com exceção do policial lotado na 78ª DP, todos foram denunciados pelo crime de formação de quadrilha. Os policiais responderão por corrupção passiva e, um deles, por prevaricação. Os seguranças do estaleiro e o gerente do supermercado serão processados por corrupção ativa.

Além deles, o advogado Álvaro Monteiro Rolla e o informante Willian Barros Pereira também foram denunciados por terem participado de negociações envolvendo uma padaria no Barreto (Niterói), que estaria praticando furto de energia elétrica (gato).
Acusado tinha mansão de R 1 milhão

Os responsáveis pela Operação Alçapão também desencadearam operações para cumprir mandados de busca e apreensão em dois pontos de Niterói onde estariam dois inspetores da Polícia Civil do Rio.

Mansão - Os agentes estiveram primeiro em uma mansão, em Camboinhas, na Região Oceãnica de Niterói, avaliada em R$ 1 milhão, onde, até há três meses, teria morado um dos acusados. Ele não foi encontrado no local e algumas pessoas informaram que a mansão foi vendida. Os responsáveis pela operação apresentaram na Corregedoria uma máquina caça-níqueis e documentação.

Nos últimos anos, o inspetor já havia sido investigado em outras três sindicâncias da Corregedoria da Polícia Civil por suposto envolvimento com a contravenção, mas nada foi comprovado contra ele. No ano passado, chegou a ser preso por causa de um mandado de prisão expedido a partir de um inquérito sobre o encontro de máquinas caça-níqueis em um restaurante no centro de Niterói, mas conseguiu um habeas corpus 24 horas depois.

Segundo vizinhos, o acusado estaria se dedicando a negócios de sua família. O policial não foi encontrado para dar declarações sobre o caso.

Icaraí - Já na casa de outro policial licenciado, em Icaraí, a policia apreendeu documentos, dinheiro em espécie e joias. O corregedor Gilson Emiliano Soares informou que os dois são suspeitos na investigação e que deverão ser chamados a depor posteriormente.

2 comentários:

  1. a cota 200 esta um perigo muitos traficos e muitos bandidos andando armados .e ninguem faz nada .gente fumando maconha nas ruas andando armados tem que vir aqui paisando pra ver na madrugadas eles andão com armas na mão ,cade a segurança publicas não ve isto não ta uma vergonha vamos ver isto,acabou o sosego do bairro

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