sexta-feira, 3 de junho de 2011

Empresariado e Segurança Pública


Enganam-se aqueles que pensam o fato de ser o tema Segurança Pública uma questão doméstica, meramente local, de menor interesse.
A “Enterprise Analysis Unit of the World Bank” é uma entidade constituída por uma equipe de economistas internacionais especializada em análises dos mercados mundiais, países e de empresas que agregam riquezas, auxiliando na identificação de alterações de políticas econômicas. De forma mais direta: é uma instituição mantida pelo Banco Mundial que trabalha com pesquisas, analisando o ambiente mundial para que as empresas possam ou não investir em desenvolvimento nos diversos países.
Como a pesquisa funciona? Várias empresas pelo mundo recebem relatórios de pesquisa a serem preenchidos e encaminham suas respostas para fins de análise. Isso acontece desde 2.006 e os dados mais atuais do Brasil, que participou com cerca de 2.000 empresas, são de 2.009. No total, foram pesquisadas mais de 120.000 empresas em todo o planeta.
Olhando os números brasileiros de forma isolada, já é possível verificarmos que as empresas nacionais têm despesas a mais com segurança: 74,6% investem em algum tipo de segurança. Àqueles que ainda continuam considerando que o tema Segurança Pública é de menor interesse, vamos de forma direta: esse custo é adicionado aos produtos, sendo repassado a nós, consumidores. Se tais empresários confiassem na Segurança Pública tal qual hoje se apresenta, bens e serviços sairiam mais barato no final da linha de produção.
Comparativamente a outros países, a coisa se complica.
Na América Latina, verifica-se forte relação entre riqueza e tamanho das cidades, concentrando-se os maiores valores em cidades de grande porte. Dos 14 países pesquisados em nosso continente, um terço das empresas sofre, anualmente, com um ou mais incidentes criminais. Em média, 73% das empresas instaladas gastam parcela de seus ganhos ou com segurança patrimonial ou com perdas em razão da violência.
Do que se vende na América Latina, 2,7% desse valor se perde nessa relação com o crime. Sem considerarmos os valores já citados acima, Poderíamos adquirir bens e serviços 2,7% mais baratos do que os valores atuais, só pelo fato de termos uma sociedade mais segura.
No que tange ao comparativo com os demais países do mundo, o Brasil é destaque negativo: 74,6% das empresas investindo em segurança nos colocam acima da média mundial, cujo universo é de 57%.
Mais: em todo o planeta, 26% das empresas consideram crimes e desordens como o maior obstáculo à implantação e/ou desenvolvimento de negócios, contra 57% das nacionais. Nosso empresariado é, com toda razão, muito mais sensível aos desvios do ambiente criminal do que o do restante do mundo.
Investimos cerca de 2,5% do total de nossas vendas em seguro, acima dos 1,5% da média dos demais países.
Infelizmente nosso País está acima da média mundial em todos os indicadores em estudo: porcentagem de empresas que gastam com seguro, com segurança, porcentagem de vendas perdidas com roubos, furtos e vandalismos, porcentagem de empresas que consideram a criminalidade como maior empecilho para instalação ou continuidade de seus negócios.
Uma política econômica bem instalada, consolidada, não é critério único e isolado para nos colocar em condição favorável dentro do cenário mundial. A redução da criminalidade e a boa gestão da Segurança Pública têm forte impacto na Sociedade e reflete claramente na economia e na percepção mundial de investidores, mais até do que a fomentação de subsídios e incentivos que visam atrair mais negócios saudáveis para o nosso mercado. Investir em bons Gestores e em equipamentos de ponta é preponderante a uma Sociedade que tenta se antecipar ao crime internacional.
Eis o momento de decisão de nossos governantes: optar por negócios e pelo mercado produtivo e saudável ou pelo informal, ilegal e criminoso de tudo o que seja nocivo aos nossos irmãos, filhos e netos. Deitando o egoísmo da concorrência em prol do coletivo fará com que o clamor do empresariado seja ouvido, se formarem um único corpo, uma única voz.
Nesses momentos, nosso voto faz a diferença.
Dica da semana: a regularização de nossas empresas junto aos órgãos oficiais vai além da mera formalidade burocrática. O cumprimento de normas de segurança, por exemplo, devem ser acatadas e mantidas ao longo do ano, inclusive com a manutenção devida de todos os sistemas. Do contrário, poderemos nos surpreender negativamente com eles no momento em que mais precisarmos.
Marcos Boldrin

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