terça-feira, 31 de julho de 2012

Arquitetura e segurança em casas de campo e de praia - Parte 02


Mas, então, a segurança impede que se usufrua da beleza, conforto e liberdade visual?

Num imóvel bem planejado nada se perde em termos do que se espera de uma casa de veraneio. Mas é óbvio que aqueles tempos antigos, onde se podia ir para uma cidade do interior, para o carro com as portas abertas na praça principal com chave definitivamente não existe mais.

Hoje a segurança está na mente de todos, no caso de uma casa de veraneio, a segurança deve ser preocupação desde a hora em que a pessoa sai de casa, pega a estrada e chega à sua casa de campo, até o momento em que retorna ao seu lar, são e salvo. Infelizmente, este é o quadro.

Assim, é um grande engano uma pessoa pensar que vai para o interior descansar em sua casa de campo sem se preocupar com a segurança. É preciso, sim, tomar as medidas necessárias, e a casa deve fornecer a infra-estrutura para estas medidas.

A boa notícia é que, se a casa tiver uma infraestrutura básica de segurança e o proprietário seguir uma rotina segura, os riscos serão minimizados e ele poderá usufruir normalmente da beleza do campo, com todo conforto, num lugar bonito e agradável, em contato com a natureza.

O principal é ter um arquiteto trabalhando no caso desde a compra do terreno até a entrega das chaves. O Arquiteto é o profissional encarregado de dar as soluções estéticas para os problemas práticos. O que costuma ficar feio nas casas de campo, em relação à segurança, são as soluções adotadas depois do imóvel pronto. Por exemplo, uma grade colocada sobre um caixilho de madeira é muito mais feio do que um caixilho de ferro, já desenhado para fornecer segurança com beleza, ou então uma porta de ferro feita as pressas colocada na porta da cozinha pois foi por lá que os bandidos entraram no último assalto.

Quanto às áreas externas, a questão da segurança não se limite às paredes da casa, pelo contrário, deve atingir todo o terreno em volta e também o bairro e/ou condomínio onde o imóvel está localizado. As defesas e controles devem ser colocados nos limites do terreno, controlando o acesso, é algo como pensar no terreno como um todo como se ele fosse a casa de campo, e não apenas a área coberta.

Isto custa mais caro? Evidentemente que sim, mas é o preço que pagamos pela insegurança pública. Mas a enorme demanda trouxe o preço dos equipamentos eletrônicos para baixo, hoje é muito barato (em relação ao preço do imóvel) um sistema com câmaras e monitoramento automático, e se o projeto arquitetônico previu muros e portões suficientemente seguros este conjunto com certeza vai dificultar a ação dos bandidos que provavelmente vão procurar algum lugar mais aberto e fácil para agir.

O lado ruim desta parafernália é que pode acontecer justamente o contrário, ou seja, os bandidos verão todo aquele cuidado e pensarão que a família deve ser rica, vamos planejar melhor este assalto e fazê-lo como se deve...

Arquitetos, coragem ao enfrentar o assunto segurança!

Os arquitetos e paisagistas fazem parte da sociedade como um todo, e todos nós estamos acompanhando pelos meios de comunicação a escalada crescente da violência, é difícil algum brasileiro que não conheça alguém que tenha sido assaltado ou vítima de violência, seja nos grandes centros, seja naquela bucólica cidadezinha no meio das montanhas. A crise de segurança no Brasil é, antes de tudo, moral, grande parte da população na miséria e, pior, sem perspectiva de vida, nada a perder, sem medo algum de ser preso ou processado.

Assim, claro que os arquitetos, paisagistas e construtores estão, sim, preocupados com a segurança. O que varia é o nível de instrumentação que cada um tem para cuidar do caso, pois a tecnologia evolui a cada dia e é preciso manter-se atualizado com o andamento das coisas.

O arquiteto pode e deve oferecer ao cliente muitas opções entre segurança, beleza, conforto e custos mas, no final, quem decide as prioridades e desejos é o cliente. E muitas vezes o assunto segurança em casa de campo, tira o encanto, a paz e o sonho e por isso o cliente não tem vontade de ouvir.

Quem está no ramo da arquitetura sabe como é difícil conquistar e manter a clientela, por isto alguns profissionais evitam discutir muito o assunto segurança com seus clientes, temendo que uma conversa tão agradável quanto a construção de uma casa para lazer descambe para uma discussão sobre os últimos assaltos e a adoção de medidas de segurança. Mas é preciso que se discuta estes temas, sim, por mais dolorosos que possam ser para todos, afinal, é uma questão do Brasil atual, e não deste ou daquele profissional.

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