Golpes no Facebook fazem parte de
esquema para venda de "Likes"
Ao clicar em links como "Mude a
cor do seu perfil" ou "Veja quem acessou seu perfil",
internautas ajudam cibercriminosos a lucrar
Cibercriminosos brasileiros, conhecidos por desenvolver ataques virtuais que roubam dados de acesso aos
bancos pela internet, agora investem em um novo tipo de ataque por meio do
Facebook. Desde o final do ano passado, eles distribuem mensagens de spam
distribuídas na rede social como “Mude a cor do seu perfil” e “Veja quem
acessou o seu perfil” com links que roubam o nome de usuário e senha de acesso
na rede social. A partir de então, os perfis das vítimas são usados para
“curtir” páginas de empresas que pagam o criminoso para aumentar sua
popularidade na rede social.
De acordo com investigação de Fábio Assolini, analista de malware da
Kaspersky para o Brasil, um grupo de cibercriminosos criou um site para vender
pacotes de “likes” (cliques no botão Curtir) para empresas que querem divulgar
seus serviços na rede social.
O pacote mais barato do serviço oferece 1 mil “likes” e custa R$ 50. Se
o cliente quiser investir mais, pode comprar até 100 mil “likes” dos
cibercriminosos por R$ 3,9 mil. “Não sabíamos como eles estavam ganhando
dinheiro com os ataques, mas descobrimos que eles prestam serviços para
empresas que tem fan pages no Facebook”, disse Assolini, ao iG.
O ataque funciona assim: o cibercriminoso distribui mensagens nos perfis
de milhares de usuários da rede social com links maliciosos que pedem
autorização do internauta para instalar um plug-in (complemento) no navegador.
Ao permitir que este plug-in seja instalado, o cibercriminoso ganha acesso aos
dados de acesso do usuário à rede social, o que permite que ele replique as
mensagens de spam para outras pessoas e também “curta” páginas de empresas, sem
o consentimento do usuário. “Eles usam recursos que geralmente a rede social
não oferece para chamar a atenção”, diz Assolini.
A estratégia dos cibercriminosos não é exatamente nova. Anos atrás,
quando o uso do Orkut aumentou rapidamente no Brasil, grupos de cibercriminosos
também usavam mensagens que promoviam recursos inexistentes para enganar
usuários. “Com a adoção massiva dos brasileiros ao Facebook é natural que os
golpes migrem de uma rede social para a outra”, diz Assolini. No final de 2011,
o Facebook superou o Orkut e se tornou a rede
social mais popular no Brasil. Segundo o analista, os ataques atualmente
realizados por meio do Facebook atingem, principalmente, usuários dos
navegadores Google Chrome e Mozilla Firefox.
Como “salvar” seu perfil
Se você clicou em algum link malicioso nestes spams distribuídos no
Facebook deve resistir à tentação de mudar sua senha imediatamente. Isso não
salva o perfil do ataque, já que o plug-in continuará instalado no navegador e
coletará novamente seus dados de acesso à rede social. “É preciso desinstalar o
complemento que o usuário instalou sem querer”, diz Assolini. Para fazer isso
no Chrome, basta acessar o menu “Ferramentas” e depois “Extensões”. Procure um
plug-in identificado pelo nome “adobeflashplayer” e exclua o arquivo.
No Firefox, acesse o menu “Ferramentas” e depois “Complementos”. O nome
do plug-in malicioso é o mesmo e deve ser desinstalado ou excluído da lista.
Depois de fazer o procedimento, o internauta deve trocar sua senha de acesso à rede
social que, certamente, já havia sido registrada pelos cibercriminosos. Segundo
Assolini, usuários do Internet Explorer não foram vítimas do ataque no Facebook
até agora.
Para evitar o ataque, Assolini recomenda que os internautas desconfiem
quando receberem mensagens sobre recursos muito vantajosos por meio da rede
social. Outra dica é tomar cuidado ao permitir que qualquer complemento seja
instalado por um site visitado. Outra opção é optar pelo acesso a versão segura
do Facebook, com endereço iniciado em HTTPS. “Alguns desses plug-ins são
bloqueados pela versão segura e não funcionam mesmo que o internauta clique
sobre links maliciosos”, diz o analista.
Reportar o ataque a equipe do Facebook também é necessário para evitar
que o número de vítimas continue aumentando. Ao acessar uma página que oferece
as mensagens com links maliciosos, use o botão “Denunciar/Reportar página” para
avisar a rede social sobre o ataque. A rede social investiga a página apenas se
receber diversas denúncias de usuários. “O Facebook tem retirado essas
mensagens do ar, mas de uma forma lenta, por conta do idioma em português”, diz
Assolini.